Na brecha da fresta presto-me ao desconforto
-Livre e certeiro-
De composições que não escolhi e não desmancho.
Nos passos despachos capachos
Sei e sinto
Tapete de porta que ando sendo
O quanto recolhi de teu barro para construir meu ninho.
Na brecha da fresta presto-me ao desconforto
-Livre e certeiro-
De composições que não escolhi e não desmancho.
Nos passos despachos capachos
Sei e sinto
Tapete de porta que ando sendo
O quanto recolhi de teu barro para construir meu ninho.
Cairam as bocas
olhos
nariz e dentes.
A alma não se destrói mas tem, em si, cicatrizes e feridas e cortes profundos.
O desapego do que era dando espaço a vida
Vida.
Esta vem de contrações enormesa de doloridas,
rachando ossos e espelhos.Para poder viver escolhi a amnésia:Não entendo de abandonos.
Fiquei no meio-fio.
Minha cabeça na calçada,meu corpo no asfalto quente. O coração é fiapo do que era.
Não posso carregar mais nada.
O que queria trazer comigo não pude.
Manhãs
Horta.
Calma.
Varanda.
A culpa.
Minha culpa,
essa veio na mochila velha e mofada.
Meus orgãos se contorcem
Meus óvulos se sufocam dentro de mim. Não sei de vida. De gente. De amor.
Esqueci de tudo e na lembrança nasce só a miséria do homem.
A miséria de todos.
Minha miséria.
Meu farrapo.
Sou pó e retalho.
Não entendo mais como continuar.
A estrada a minha frente é borrada e longa e triste
Não tem Sol nem gente.
Vejo só os buracos e na margem não há mais arvores nem pássaros nem nada de vivo.
Pedras sem musgo.
Não há formigueiros nem plantas.
O cachoros não correm mais no jardim.
A arvore, antes morta, era verde. Não mais.
As folhas cairam e mancharam o chão terra de vermelho sangue.
As raizes estão podres.
O tronco é frágil e se desmancha a cada ventania como um monte de ossos velhos que viram pó.
As paredes da casa engoliram a poesia escrita nelas.
As pinceladas de tinta nova deram espaço ao verde antigo e desbotado.
A porta não abre mais sem ranger um canto sozinho e unissono.
Destruo dia-pós-dia-pós-dia cada degrau da escada que dá para os quartos.Preciso sobreviver.
O banheiro é cinza de novo e os azulejos são velhos e rachados.
As plantas nos vasos da varanda, secaram uma a uma.
O mato cresceu de novo.
O portão da entrada é velho e não abre. Suas dobradiças estão mais uma vez, enferrujadas.
A Ferrugem do portão toma minha alma e sobe pelos meus pés pernas e enferrujam meu sexo.
Sou então, um amontoado falido de pó e ferrugem.
Sou só memória que não quero.
De tudo aquilo que dizia ser primeiro
te digo
sou aquela que diz sobre a mancha de sangue no lençol…
Sou a sobre da manha de depois do Omo
Sou seu Cloro.
Te desboto e te boto
bôto duro e rosa.
india que vi redemoar sobre cabeças, lembre:
Es mulher e te amo.
es mulher e te amo…
amo-te,
es mulher.
Por tempo, somos vozes dissonantes.
Que culpa tenho se meus olhos doem
Da vida, me falta toda ela: Não posso abrir meus olhos. Eles doem.
Que culpa tenho eu?
Meus olhos estão sangrando.
Que culpa tenho eu?
Estou com os olhos feridos
Furaram meus olhos e hoje não mais posso cantar. Não vejo.
Qual culpa tenho, se me cegam dia após dia após dia após
Como sou culpada por ter olhos secos
O que poderia fazer se ando dona de olhos tristes.
Tinha um macaquinho agonizando na rua
tinha olho de gente e suas unhas arranhavam o chão…arranhavam de dor.
Mataram ele pela metade e me deixaram o outo resto para que eu lembrasse que ser humano, dói.
Dói o macaquinho agonizando na rua e eu.Dói.
silêncio. Buzina.
Eramos dois macacos mortos pela metade.
Já ele, ele morreu de dor no meio da calçada.
Quando o foco sede a fronteira cresce e eu
coisa, resto de placenta solta sou tanto
E de versos clichês e nada sóbrios penso nos filhos que terei e que terá.
Teremos nós todos herdeiros de um resto de mundo.E o mundo foste inteiro quando
quando tinha dois anos
quando tive três filhos e chamei cada um -nome de santo
Santaria fedida e imóvel
Dos meus úteros pari céu e horizonte
deteu gozo fiz chão.
Do rastro fiz caminho torto e de Mundo quis…
Dei meu cheiro nariz estomago para quem varou
quem? Foi….
Desse menino mundo fiz córrego liso e longo
De amores fiz matilha
de quando me fiz gente fiz hipótese
e
de todo o simples resto fiz horizonte.
Sou um pouco de decoração velha da vovó e rebeldia da tia solta que diz que serei sempre a amante
Me designaram indigna de familia católica-apostólica-cristã
Sou a brecha que encontram entre a Ostia e o sacramento
E nos almoços de domingo não apareço pois não me dizem respeito.
Não tenho tias, avôs. Meu Vô Fernando, meu guia já não esta, mas é.
Minhas tias não são de sangue fora a tia Leia mulher tão linda e que quero-me nela…
Sou minha mãe forte e meu pai poeta
Sou minha irmã alma gêmea e meus amigos-irmãos.
Sou Heloisa, Bárbara, Fenandas, Mauricios, Kellys, Marias e Mariás (com acento e sem “AGA” )
Tenho um amor anjo.
Quero ser a fenda boa da lembrança.
A panela de pipoca com os filhos clichês.
Estou tão mulher que meus úteros gritam e me dizem SEJA
e é tão alto…
tão alto..
tão…alto…
que virei um sopro de amor
Poderia engravidar de Mundo.
Sou platônica-menina
Me assopre e vou…
Tinha arvore e gente e planta (é o que me chama)
e tem dor e toque e nada é tão doce quanto a folha e o galho (e os dedos da pessoa embriagada de nós)
o que é (disso tudo se não resto de relva, hein…?) o resto?
O que é a cigarra se não o resto da casca bronze?
O que sou se não resto de marmita universal.
Tenho cascas residuais de mundo.
Quero ser o intervalo entre o churrasco e o trabalho
O sexo e o cigarro
O talvez amanhã e o quem sabe…depois…
Sou potência de mundo que espera o café preto (e não adoçado) da manhã.
De amanhã…
Te abro a porta
vê?
Tenho tantos planos brilhantes
brilha,quer?
Perto do abismo tem paisagem e gente
tem sempre o meio fio
[ ]
Sem mais, te entrego meus restos e sobras
e junto, o que me faz inteira
Te abro a porta e abrirei
escuta
silênciamos no meio de gente, percebe?
Tem já meus silêncios e pausas
engole os vazios disso de Ser.
Estamos sendo tanto
Somos silêncio e ressaca
A urgência da escrita é a da voz
rompida
violada
pela ausência vivida falida
fadi[gada] de pós-prés
a urgência de viver ontem/amanhã-depois.
Podam as asas do passopreto ante-da-hora
Ele chora de silêncio.
Eu choro de viola.
Passopreto que prende nas patas meus fios
passo
passo teus passos preto.
Prenda meus cabelos em seu pés…
Avoa.